quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Golfo do México

Apocaliptico ou não... hj temos um presidente negro se jogando com a familia nas águas turvas para provar que a incoerência não existe... que tudo foi um pesadelo, um apressado grito de apavorados, por bichinhos e plantinhas que nem sabem que existem.
Não existe voz contra o dinheiro e tecnologia... tudo que acabou ficará esquecido ou lembrado por poucos.
e isso não é tudo...

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Descoisas de natureza

Tem coisas que nem sei, que nem busquei a saber, nem solicitei um sonho novo, pois o que pode ser solicitado em um mundo onde o meu é teu, onde você e eu somos nós, e nós somos muitos e tão poucos. Neste mundo as descoisas são coisas desfeitas e refeitas compostas e dispostas a um novo tanto faz. O mundo roda e dentro de mim o equilíbrio desaparece, tudo voa, tudo volta, eu chorei alto no bar, desfiz-me em água. A chuva é de água, mas é de água de dentro, sem sal e sem lagrimas é de água de respiração, de movimento dos estômatos das folhas. Tudo roda, dentro desse tudo estamos nós felizes e desfelizes, confeitos e doces, em algo que pode parar agora sem volta, com idas, mas sem vindas, coisas desfluxadas. Estamos ai enraizados e tradicionalizados, buscando recompor o que se sente desaparecer. O “re” virou novo, reciclamos, reutilizamos e revisitamos o buraco atrás da porta, que dá passagem para o outro lado, e vê quem é que chegou, o tempo, os sonhos, os desejos, a fome. Como isso é possível quando não se compreende a recompensa de reaparecer em um buraco minúsculo o sonho perdido. Te busco e te espero chegar, mesmo com frio, mesmo o mundo rodando. Esta revisita virou tudo, e os nossos sonhos continuam os mesmos, reinventando e tradicionando as palavras escritas delicadamente na parede. Te fiz culturar, te digo que faz parte de nós, que somos orgânicos e somos palavras.
A casa
A casa era pequena
Era mofada
Era uma casa com portas
Com janelas
Com grades
A casa era pequena
Com escritos delicados nas paredes
A casa te cabia
Mas a casa é pequena
A casa não me cabia
E eu te entrava para entrar na casa

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Copia de Pensamentos


David Harvey insiste em um dos seus livros que “não há nada particularmente não natural na cidade de Nova York”. Na junção do ferro, concreto, areia, água, pedras, armando edificações, na descoberta, codificação, desconstrução, reconstrução do genoma, moldando mutando, resimbolizando a vida, na cobertura, canalização, cheias, limpeza de córregos, na reação do CO² dos chaminés, cigarros formando poluição, proteínas vegetais, na compra e venda de ações, petróleo, sucos, informações, soja, carne, terras, reconstruindo uma natureza por simbolizações e representações de culturas e uma sociedade particular e globalizada em um tempo e um lugar especifico histórico- geográfico determinado. Partindo de tal reflexão, e também, expandindo para todas as outras cidades do ocidente, ou mundo, apóia-se, na não distinção entre o social e o natural como duas coisas, mas sim na formação de uma “socionatureza” que na dialética naturaliza a sociedade e socializa a natureza, que não são duas coisas, mas sim, uma única. “O ponteiro rodou mais rápido no mesmo relógio de ontem... o desejo é o tempo parado e quando se troca as datas bichos e das flores, é quando aumenta a rachadura na parede...” (Otto).

Socionatureza

“a produção do espaço (natureza) transcende condições e processos meramente materiais mas esta relacionada à produção de discursos sobre a natureza” (Lefebvre).

sábado, 21 de novembro de 2009

Vários mundos e uma única decisão



O titulo em menção dispõe de um possível perspectivismo, mas muito mais do que o enquadramento em uma teoria, o fato exposto é de acreditar que com uma única decisão é possível destruir o mundo de outras pessoas. O texto é indignação! como se pudesse ser diferente...
A construção de Belo Monte dentro de uma perspectiva de desenvolvimento de um país (PAC – Programa de Aceleração do Crescimento), propõem como o próprio nome do programa já diz o “desenvolvimento do Brasil” como único, ou seja, talvez, um “projeto de nação”, mesmo que controverso.
Os “ameríndios” fazem parte desta mesma nação e não vão ser poupados, como todos os outros despossuídos, a se enquadrarem dentro do desenvolvimento acelerado. Vão ter que entrar na globalização, procurar suas cotas universitárias e lutar no mercado de trabalho. O mundo, os costumes, o modo de vida, a vida, os símbolos, as perspectivas, as relações... pouco importa nessa aceleração, vão ser atropelados e introduzidos no mundo “real” desenvolvido.
Agora próximo da energia elétrica estão enquadrados em um processo de “civilização”. Já poderão se inscrever no BBB, copiar as receitas da Ana Maria Braga, saber da corrupção política sob um viés direcionado por uma mídia nada imparcial, enfim, podem comprar as novidades de todas as novas coleções, seja primavera, verão ou meia estação (particularmente acho que a coleção de outono e inverno não cairá muito bem, pelo clima tropical extremado, Glorinha Kalil falara melhor sobre isso). Enfim, é isso! sem peixe, sem caça, sem mundo, mas com energia elétrica, não faltará um disk pizza ou Mcdonald para resolver a questão da alimentação, basta um fast-food.
O grito desse Povo contra o projeto Belo Monte retrata uma outra voz, que nunca foi ouvida nesse país, irão continuar gritando, mas a decisão já foi tomada e eles não tiveram o direito de manifestação. Esse é um projeto de nação que retira novamente o direito de vida de uma população, que a mais de 500 anos sofre de baixas repetidas, mas por falta de “aprendizado” não se apropriou do direito da ignorância que lhes foi concedido, e continua gritando.
Junto com isso temos a “Amazônia Legal” que ratifica a “grilagem” da terra pública. Muitos proprietários da Amazônia vão aparecer, e com isso muitos conflitos com os povos tradicionais irão se configurar, ou serem escamoteados, desaparecendo junto com os corpos.
Enquanto isso, na cúpula de Copenhague, sobre o clima global, o Brasil, como um país emergente, destaca-se pela posição de propor metas para redução do aquecimento global. Estamos ai no topo das discussões de um desenvolvimento sustentável. Mas cabe a pergunta, que mundo queremos sustentar? Para quem? E, quem quer? Acho que uma resposta já está dada, não é o mundo dos ameríndios...
Por indignação... mas, “isso não é tudo”...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Híbridos


Símbolo da urbanidade, concreto concretado, ferros contorcidos, ruas esquadrejadas, postes eriçados, fluxos multiplicados, moradias verticalizadas, restos amontoados, chão impermeabilizado, solo escondido, rios retificados, natural transformado, humanos massificados, não humanos retirados. O espaço transformado, socializado, separado. Pródigos nem sempre retornam no silêncio, estáo fora do alcance das mãos, do entendimento, da reversão. A chuva desce não encontra o canal, não encontra fluência para o caminho, acumula, enche, evidencia o escondido, pede passagem, carregando o que atrapalha, e para o movimento. O inverno se faz verão o verão se traduz em calor escaldante, refletido no vidro e no concreto. O vento não consegue dissolver o concentrado, as nuvem de algodão, transformam-se em carvão, a fuligem das chaminés se mistura com o ar, os tóxicos reagem e revoltam-se na chuva, entram nas narinas e passeiam pelos pulmões. Nas fábricas a transformação, a matéria se faz em consumo, o ferro carro, o petróleo plástico, a madeira móveis, o couro sapato. Os restos são jogados, amontoados e retroalimentados. O natural é socializado, transformado, resignificado e já não é mais o que era. As pessoas aculturadas, juntas, reunidas, carregadas, conectadas por ruas, passarelas, cabos e sangue. Os ônibus lotados, metrôs lotados, calçadas lotadas de fluxos humanos que seguem sem olhar, sem ver, sem tocar, sem trocar. Alimentadas por enlatados, ensacados, transgênicos, hormônios, nanos, micros e light’s se que se misturam com orgânicos naturais e artificiais. O corpo recomportado com o implante de ferros, plásticos, platinas, resinas, silicones, órgãos e filhos. Separadas em classes, credos, cores, gêneros e opções. Se confundem, se juntam, se separam, se exploram, se agridem, se matam. Humanos, ricos, médios, pobres, miseráveis, não humanos divididos por serem iguais e serem diferentes.