quarta-feira, 19 de maio de 2010

Descoisas de natureza

Tem coisas que nem sei, que nem busquei a saber, nem solicitei um sonho novo, pois o que pode ser solicitado em um mundo onde o meu é teu, onde você e eu somos nós, e nós somos muitos e tão poucos. Neste mundo as descoisas são coisas desfeitas e refeitas compostas e dispostas a um novo tanto faz. O mundo roda e dentro de mim o equilíbrio desaparece, tudo voa, tudo volta, eu chorei alto no bar, desfiz-me em água. A chuva é de água, mas é de água de dentro, sem sal e sem lagrimas é de água de respiração, de movimento dos estômatos das folhas. Tudo roda, dentro desse tudo estamos nós felizes e desfelizes, confeitos e doces, em algo que pode parar agora sem volta, com idas, mas sem vindas, coisas desfluxadas. Estamos ai enraizados e tradicionalizados, buscando recompor o que se sente desaparecer. O “re” virou novo, reciclamos, reutilizamos e revisitamos o buraco atrás da porta, que dá passagem para o outro lado, e vê quem é que chegou, o tempo, os sonhos, os desejos, a fome. Como isso é possível quando não se compreende a recompensa de reaparecer em um buraco minúsculo o sonho perdido. Te busco e te espero chegar, mesmo com frio, mesmo o mundo rodando. Esta revisita virou tudo, e os nossos sonhos continuam os mesmos, reinventando e tradicionando as palavras escritas delicadamente na parede. Te fiz culturar, te digo que faz parte de nós, que somos orgânicos e somos palavras.
A casa
A casa era pequena
Era mofada
Era uma casa com portas
Com janelas
Com grades
A casa era pequena
Com escritos delicados nas paredes
A casa te cabia
Mas a casa é pequena
A casa não me cabia
E eu te entrava para entrar na casa