sábado, 21 de novembro de 2009

Vários mundos e uma única decisão



O titulo em menção dispõe de um possível perspectivismo, mas muito mais do que o enquadramento em uma teoria, o fato exposto é de acreditar que com uma única decisão é possível destruir o mundo de outras pessoas. O texto é indignação! como se pudesse ser diferente...
A construção de Belo Monte dentro de uma perspectiva de desenvolvimento de um país (PAC – Programa de Aceleração do Crescimento), propõem como o próprio nome do programa já diz o “desenvolvimento do Brasil” como único, ou seja, talvez, um “projeto de nação”, mesmo que controverso.
Os “ameríndios” fazem parte desta mesma nação e não vão ser poupados, como todos os outros despossuídos, a se enquadrarem dentro do desenvolvimento acelerado. Vão ter que entrar na globalização, procurar suas cotas universitárias e lutar no mercado de trabalho. O mundo, os costumes, o modo de vida, a vida, os símbolos, as perspectivas, as relações... pouco importa nessa aceleração, vão ser atropelados e introduzidos no mundo “real” desenvolvido.
Agora próximo da energia elétrica estão enquadrados em um processo de “civilização”. Já poderão se inscrever no BBB, copiar as receitas da Ana Maria Braga, saber da corrupção política sob um viés direcionado por uma mídia nada imparcial, enfim, podem comprar as novidades de todas as novas coleções, seja primavera, verão ou meia estação (particularmente acho que a coleção de outono e inverno não cairá muito bem, pelo clima tropical extremado, Glorinha Kalil falara melhor sobre isso). Enfim, é isso! sem peixe, sem caça, sem mundo, mas com energia elétrica, não faltará um disk pizza ou Mcdonald para resolver a questão da alimentação, basta um fast-food.
O grito desse Povo contra o projeto Belo Monte retrata uma outra voz, que nunca foi ouvida nesse país, irão continuar gritando, mas a decisão já foi tomada e eles não tiveram o direito de manifestação. Esse é um projeto de nação que retira novamente o direito de vida de uma população, que a mais de 500 anos sofre de baixas repetidas, mas por falta de “aprendizado” não se apropriou do direito da ignorância que lhes foi concedido, e continua gritando.
Junto com isso temos a “Amazônia Legal” que ratifica a “grilagem” da terra pública. Muitos proprietários da Amazônia vão aparecer, e com isso muitos conflitos com os povos tradicionais irão se configurar, ou serem escamoteados, desaparecendo junto com os corpos.
Enquanto isso, na cúpula de Copenhague, sobre o clima global, o Brasil, como um país emergente, destaca-se pela posição de propor metas para redução do aquecimento global. Estamos ai no topo das discussões de um desenvolvimento sustentável. Mas cabe a pergunta, que mundo queremos sustentar? Para quem? E, quem quer? Acho que uma resposta já está dada, não é o mundo dos ameríndios...
Por indignação... mas, “isso não é tudo”...

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