
Símbolo da urbanidade, concreto concretado, ferros contorcidos, ruas esquadrejadas, postes eriçados, fluxos multiplicados, moradias verticalizadas, restos amontoados, chão impermeabilizado, solo escondido, rios retificados, natural transformado, humanos massificados, não humanos retirados. O espaço transformado, socializado, separado. Pródigos nem sempre retornam no silêncio, estáo fora do alcance das mãos, do entendimento, da reversão. A chuva desce não encontra o canal, não encontra fluência para o caminho, acumula, enche, evidencia o escondido, pede passagem, carregando o que atrapalha, e para o movimento. O inverno se faz verão o verão se traduz em calor escaldante, refletido no vidro e no concreto. O vento não consegue dissolver o concentrado, as nuvem de algodão, transformam-se em carvão, a fuligem das chaminés se mistura com o ar, os tóxicos reagem e revoltam-se na chuva, entram nas narinas e passeiam pelos pulmões. Nas fábricas a transformação, a matéria se faz em consumo, o ferro carro, o petróleo plástico, a madeira móveis, o couro sapato. Os restos são jogados, amontoados e retroalimentados. O natural é socializado, transformado, resignificado e já não é mais o que era. As pessoas aculturadas, juntas, reunidas, carregadas, conectadas por ruas, passarelas, cabos e sangue. Os ônibus lotados, metrôs lotados, calçadas lotadas de fluxos humanos que seguem sem olhar, sem ver, sem tocar, sem trocar. Alimentadas por enlatados, ensacados, transgênicos, hormônios, nanos, micros e light’s se que se misturam com orgânicos naturais e artificiais. O corpo recomportado com o implante de ferros, plásticos, platinas, resinas, silicones, órgãos e filhos. Separadas em classes, credos, cores, gêneros e opções. Se confundem, se juntam, se separam, se exploram, se agridem, se matam. Humanos, ricos, médios, pobres, miseráveis, não humanos divididos por serem iguais e serem diferentes.
Fantástico
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