
Para inicio de conversa, as sequentes palavras são totalmente influenciadas por Björk, Gilberto Gil, Lulu Santos, Belchior, Bruno Latour e Richard Rorty, por onde eu iniciei minha reflexão sobre o assunto, diga-se de passagem bem inicial ainda, entretanto me arrisco a alguns parágrafos.
Então entramos em uma discussão dos pós, trans... tudo, aqueles que ultrapassam o tempo, vem depois, quer seja moderno, orgânico ou humano, com a necessidade de deixar a vida física e banalizada para se ocupar de processos superiores, anteriormente somente de preocupação de Deus.
Na perspectiva que com a formação de um novo modo de vida baseado em um conceito formulado, sem ainda a existência da práxis, ou seja a prospecção do futuro e do modo de vida ainda não “vivido”, foi desta forma que “começou a circular o Expresso 2222, da Central do Brasil, que parte direto de Bonsucesso pra depois do ano 2000”, na verdade esse expresso está mais propenso ao centro do mundo que a nossa reles periferia, mas com certeza mesmo atrasado, em seu tempo adiantado, ele passa por aqui.
Nele a ciência avança a passos largos, com os micros, os nanos, os chips..., mas “fora” da vida cotidiana, as coisas são criadas e jogadas prontas no mundo para o uso, e nós pobres mortais orgânicos que nos resolvamos com a sua utilização, aprendamos a apertar os novos botões e substituir o insubstituível. Como observação este “nós”, os resolvedores da utilização, não é tão plural quanto parece, ele é limitado a uma parcela populacional, que se lança no fetiche tecnológico se distanciando ainda mais dos pobres preocupados com as bobagens orgânicas, como por exemplo comida, “mas não há o que fazer” pois ”quem não vem no cordel da banda larga, vai viver sem saber que mundo é o seu”.
A cantora islandesa Björk lançou já em 1998, no seu álbum Homogenc com a musica “All Is Full of Love” mostra sons inspirados em máquinas, e é acompanhado por instrumentos de orquestra e harpas. Ela via mais que “a vida melhor no futuro... por cima do muro de hipocrisia”, ela via algo além da vida, um amor humano entre dois seres robóticos, que se apaixonam e lacrimejam como se ouvissem Chico Buarque. Já no BBC Brasil saiu a noticia do lançamento de um taxi britânico sem motorista, desenvolvido pela empresa Advanced Transport Systems, de Bristol, o qual vai transportar passageiros no aeroporto de Londres em um trilho pré determinado por uma rota exclusiva. Porém o passageiro não vai para qualquer lugar e os robôs não exprime qualquer coisa que não seja a humanidade orgânica.
Como isso tudo “minha dor é perceber, que apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos; ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais...” a proposta não é conduzida com uma concretude diferenciada na maneira de ver e operar sobre o mundo, mas baseada na mesma forma, somente com técnicas e equipamentos diferenciados, no mesmo sistema capitalista excludente e com os mesmos problemas sociais. E no meio desse furacão de novidades ainda chegamos a conclusão que “nossos ídolos ainda são os mesmos, e as aparências não enganam não, você diz que depois deles, não apareceu mais ninguém, você pode até dizer que eu tô por fora, ou então que eu tô inventando...”, mas o pós e o trans ainda são os mesmos que os pré nada de moderno existe no meio de tanta “modernidade”.