
Dizia Manoel de Barros “Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas - é de poesia que estão falando”, no entanto quando passo pela Bahia de Guanabara,isto é, quase todos os dias, com a finalidade de chegar a Ilha do Governador para conversar com os homens sérios, me pergunto onde foi parar a poesia daquele lugar. As águas da cidade maravilhosa naquele, naquele ponto, já não refletem as maravilhas, os barcos dos homens do mar não deslizam sobre superfícies espelhadas, foram tomada pela densidade de partículas de tudo, tudo em decomposição. Empresas lançam seus efluentes e se promovem pela “recuperação”, a vida morre e se capitaliza a revitalização. As conversas naquele lugar são sobre os mortos, são os urubus são os poetas, e não falam mais com as rãs, pois já não existem mais rãs. A diversidade daquela Bahia visivelmente é de carcaças, de detritos, de lixo, de tóxicos... Mas ainda assim existe uma casa flutuante que insiste em remeter a poesia da infância, só que o cheiro já não é o mesmo, o cheiro é triste...
Tudo é um ponto de vista. Quando ainda temos a poesia dentro de nós, a encontramos até em um lago sujo ou na fumaça expelida pelas chaminés... Independente, há VIDA lá. Talvez vida em decomposição ou alguns milhares de atomos, mas sempre a vida e poesia.
ResponderExcluir:)